04 janeiro 2014

Associação Amigos da Prainha e outras recordações. ( memória n º 53)


Memórias nº 53
Associação Amigos da Prainha e outras recordações.

 

 

Com o passar dos anos foram chegando e se instalando famílias vindas de outras cidades, notadamente da Capital, muitas por recomendação médica.

Na Prainha, no final dos anos trina, após a Revolução Constitucionalista, os pais do Dr. Antonio Apostólico, que frequentou o Itanhaem Iate Clube até recentemente, ergueram um pequeno rancho, de frente para o mar, junto à esquina do  referido Caminho que da praia seguia ao Porto Novo. Toninho, como era carinhosamente tratado, viveu sua infância na Prainha em razão da saúde de sua mãe, saindo de lá para estudar, mas retornando como turista e frequentando anos seguidos o mesmo rancho.

Durante a guerra a casa foi requisitada pelo exército, sendo ocupada por uma guarnição vinda de Santos, sob o comando do sargento Francisco Paniquar, que casando-se com uma filha da cidade, acabou por permancer e fazer a vida em Itanhaém.

O Caminho do Porto Novo era nos idos da década de XX, uma trilha que ligava o barranco do rio onde encalhavam embarcações e seguia tortuoso, costeando o Sapucaitiva, até a Prainha, então  bucólica e isolada praia pintada pelos ilustres filhos da cidade: Calixto e Emidio de Souza.

A Prainha com o passar dos tempos, tornou-se Praia dos Pescadores e o Porto Novo, após a urbanização que se deu por volta de 1950, transformou-se num bairro povoado, principalmente por casas de veraneio, designado por uns, como Praia dos Sonhos, mais abrangente e por outros, Prainha simplesmente.

Com grande extensão de frente para o caminho, então designado por Porto Novo, o pai de Lourenço, desmembrou uma parte, vendendo de forma a financiar a construção de outra casa, essa de tijolos, desmembrando-a também, do Rancho que veio a ser vendido.

O caminho, oficializado, passou a ser rua e com a morte de Sebastião das Dores, tomou esse nome.

O ilustre homenageado fora um pescador que enfrentou o mar durante muitos anos, indo pescar com um barco à remo, no qual cabiam seis ou oito tripulantes que pela manhã, deixavam a rede há uns 2 ou 3 quilômetros da praia e à tarde iam buscar.

O velho pescador residia com a sua família na Prainha, que para muitos sempre foi designada Praia dos Pescadores. 

O lugar aprazível e privilegiado na beleza durante muitas décadas teve apenas a família do Sebastião por lá. Dona Dita seu marido Maneco Silveira eram alguns dos moradores da praia. Com o passar dos anos, foram chegando turistas e erguendo suas casas, ranchos e transformando em aconchegante praia quase particular, de forma a espantar os antigos moradores, os pescadores,  que foram residir no distante Belas Artes.

Por volta do início da década 1960 chegaram de Barra do Sul, as canoas motorizadas de pescadores que migraram para lá. E ali permanecem. Esses novos profissionais modernizaram as pescarias da Prainha e seus filhos, tornaram-se amigos dos filhos de turistas formando um seleto grupo de jovens bastante unidos.

Certa vez, Lourenço, Fábio, Alexandre e Giba foram cercados por uma turma de jovens da cidade e quase levaram uma grande surra. Ficaram até altas horas cercados nas imediações do antigo parquinho, na avenida Pedro de Toledo, onde depois foi erguido o suntuoso cartório de registro imobiliário.

Noite seguinte, voltaram ao parquinho acompanhado dos jovens pescadores e descontaram o que se passara na véspera. Arrumaram  confusão tremenda a ponto da polícia intervir diante do quebra quebra generalizado.

Nos anos que Lourenço foi residir na casa de seus pais na Prainha dos Pescadores, foi idealizada e passou a funcionar a Associação dos Amigos da Prainha, sendo eleito primeiro presidente por indicação do professor Miguel Reali que também tinha seu rancho de férias nas imediações. Durante uns quinze anos a associação funcionou, trazendo alguns benefícios ao bairro.

Certa vez decidiram fechar a rua que dava acesso à praia. Impedir que veículos chegassem à praia, instalando uma cancela, que abria apenas para moradores. A confusão foi geral, culminando com ordem do Ministério Público no sentido de bloquear a cancela.

A Associação tinha como sede as instalações do Itanhaém Iate Clube que permitia os associados reunirem-se nas reuniões ordinárias e assembleias. Com o tempo, a vocação dos turistas que frequentam Itanhaém e a Prainha foi mudada radicalmente, de modo que a Associação também perdeu o foco.

O Iate Clube antes associação da alta granfinhagem paulistana igualmente perdeu seus associados e... Tudo mudou.

Enfim, atualmente a frequência turística de Itanhaém e da Prainha, assim como do litoral paulista deixou de ser seleta como outrora. Salvo Cananéia, pela dificuldade de acesso, o turismo na orla paulista se tornou bem popular, com raros focos mais selecionados.

Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br
Presidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos –OAB-Sc
Sócio do Instituto dos Advogados  de Santa Catarina

 

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