01 setembro 2013

O Santos Futebol Clube fugiu de campo. Boa lembrança.


São Paulo Futebol Clube comemora 50 anos da tragédia aplicada no Santos Futebol Clube.

 

 

No dia 15 de agosto de  1963, uma quinta feira, no Estádio Paulo Machado de Carvalho, o charmoso Pacaembu, o Santos e o São Paulo se enfrentaram pelo campeonato paulista. E o clube praiano fugiu de campo...

 

Vale recordar com minúcias.

 

Recordo-me com muita alegria que ouvi o jogo pelo rádio, em casa, à rua Senna Madureira, na Vila Clementino, em São Paulo.

 


Era o Campeonato Paulista de 1963, Santos e Palmeiras já abriam uma vantagem na tabela de classificação do torneio. O São Paulo fazia um campeonato morno, ocupando o meio da tabela. Então chegou o dia de enfrentar o Santos.
Em 1963 o time praiano já era tricampeão paulista, bicampeão da Taça Brasil, campeão do Torneio Rio-São Paulo, da Libertadores da América e do Mundial Interclubes, santistas naquele dia esperavam uma goleada.

No São Paulo ainda estava guardada na memória a lembrança do último confronto contra o Santos, na partida pelo Rio-São Paulo o Santos venceu o Tricolor por 6x2. A derrota ainda estava engasgada na garganta como uma espinha de peixe, mas o São Paulo foi para o jogo contra o temido Santos. O palco para o clássico seria o mesmo, o Pacaembu, dia 15 de agosto, em uma quinta-feira à tarde. Apesar da data e do horário desfavoráveis para um jogo dessa magnitude, 60 mil testemunhas estavam presentes para um capítulo glorioso da história do São Paulo Futebol Clube.


O jogo começou e logo aos 5 minutos do 1° tempo, Faustino abriria o placar para o Tricolor, recebendo um passe de Cecílio Martinez, partindo da direita para o meio, passou por dois zagueiros, se aproximou da entrada da área e chutou rasteiro, no canto de Gilmar, uma pintura. Aos 21, após cruzamento de Dorval, Pelé subiu mais alto que a zaga e empatou de cabeça, 1 x 1.

O jogo foi equilibrado até os 37 minutos, mas Pagão e Benê fizeram questão de desequilibrar, em uma linda e envolvente tabela entre os dois, Benê recebe livre diante do goleiro, toca para o fundo da rede, 2 x 1. Três minutos depois, Sabino recebeu passe de Martinez e finalizou, 3 x 1 para o Tricolor. A partir de então deu-se início a confusão, jogadores do Santos partiram pra cima do árbitro Armando Marques por ter validado o gol do São Paulo mesmo com o bandeirinha tendo assinalado impedimento. O árbitro não tolerou as reclamações, principalmente por parte de Coutinho que chegou a chamar o árbitro de "florzinha" e também de Pelé, expulsando os dois de campo.

Sem sucesso nos argumentos, o Santos teria que voltar para o segundo tempo com apenas nove jogadores.

"...Com a vantagem de 3 x 1 no marcador, 11 contra 9 em campo e com mais 45 minutos de tempo pela frente, a chance de o São Paulo aplicar uma estrondosa goleada no Santos era enorme. Não uma sova qualquer, de 5 ou 6 x 1, mas um massacre de 8 ou 9, que poderia virar manchete no mundo todo, justamente no momento em que o Peixe começava a se destacar internacionalmente. Seria um escândalo..."Livro Dentre os Grandes, És o Primeiro; de Conrado Giacomini (2005).

No intervalo do jogo, o comentário geral nas arquibancadas era de que o Santos FC não voltaria para o jogo com medo de um vexame certo.

Em uma conversa ainda no intervalo do jogo, Dr. Nélson Consetino (médico do Santos) falou para Oswaldo Brandão, técnico do São Paulo, que o jogo não acabaria e que o Santos melaria a partida.


A dúvida naquela hora era se o Santos voltaria ou não para o jogo, grande apreensão por parte da torcida, até que o Santos voltou sim para o campo, porém haviam ido para o intervalo com nove jogadores e retornaram com oito. O lateral Aparecido, estreante da noite, misteriosamente contundiu-se no vestiário, estava iniciada a farsa. O jogo recomeçou e aos três minutos começou a marmelada, Pepe, depois de uma trombada, se joga ao chão como se estivesse praticamente morto. Para sacramentar o vexame, aos 7 minutos, Dias faz um lançamento perfeito, Pagão recebe e marca o 4° gol do Tricolor, depois disso não havia mais o que ser feito por parte do Santos, era o indecente cai-cai ou uma derrota estratosférica!


A escolha foi feita, na saída de bola do Santos, Dorval vai ao chão e de lá não mais levanta. Com seis jogadores em campo seria impossível prosseguir com a partida, pois o Santos não tinha o número mínimo de 7 jogadores em campo, os jogadores do São Paulo até tentaram convencer os santistas a parar com o cai-cai e voltar ao jogo, mas não houve jeito, o medo de perder vexatoriamente falou mais alto e o Santos optou pela humilhante solução de fugir.

O centenário time praiano tem como maior orgulho o legado de Pelé e companhia. Considerado o melhor esquadrão de todos os tempos, o Santos um dia foi covarde, pequeno e fugiu de campo, fato pouco divulgado e jamais citado em DVD’s comemorativos ou livros da história do clube.

Naquele ano o São Paulo viria a ser o vice campeão, o título ficou com o Palmeiras, mas muito mais importante do que aquele vice-campeonato é só o fato de qualquer São Paulino poder dizer até hoje com muito orgulho, que um dia, o todo-poderoso time do "Rei do futebol" fugiu de campo com medo do SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE! “

Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br
presidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos –OAB-Sc
Membro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da Cadeira nº 35 – Academia São José de Letras
Autor de Terrenos de Marinha e seus Acrescidos, Letras Jurídicas
Autor de Direitos das Coisas, Leud

( Fonte – Blog São Paulo 24 horas  )

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