21 setembro 2013

Combater futilidades. Boa leitura.


Um texto para se divertir.

 

Entre os amigos e conhecidos do responsável pelo blog o jornalista Vitor Hugo, um gaucho que mora em Fortaleza e com sua pena continua na luta incansável pela justiça social e de quando em vez remete algum texto seu ou de outrem para minha apreciação. As vezes até publico.

 

Recebi o que publico abaixo da jornalista e radialista Elaine Tavares, residente nas proximidades, que há anos leva ao ar, todo sábado, um programa de sua responsabilidade na Rádio Campeche.

 

Vale à pena a leitura:

 

No Xópím

 

Eu tenho uma amiga chique. E, vez em quando, ela me carrega para alguns de seus programas chiques. Eu vou, em nome da amizade, mas vou como sou. E foi assim que ontem ela me chamou para acompanha-la numa incursão ao xópim da Beira-Mar.

 

- Báááá, xópim? Não gosto.. Fico sempre muito tonta dentro desses lugares. São como caixões coloridos e fulgurantes, mas não deixam de ser caixões. Não há janelas, não há sacadas, não há a maravilha do mercado a céu aberto, com cores, ruídos e ar puro. Prefiro as ruas. No geral entro no xópim quando vou comprar algo específico num lugar específico. Fico tonta mesmo, me perco, dá falta de ar. Mas, a amiga ia escolher um vestido de gala para presentear uma sobrinha e eu fui dar um pitaco.

 

Nossa missão era entrar em todas as lojas chiques que vendem vestidos chiques para ver os vestidos, e escolher um. Minha amiga estava, como sempre, chique. E, eu, estava, como sempre, do meu jeito despojado, embora chique (pelo menos no meu ponto de vista). Calça velha de brim, camiseta com estampa da Mafalda e uma adorável sapatilha usada pelos camponeses equatorianos. Mas, o que para mim é lindo, não parecia para as vendedoras das lojas chiques. Nós entrávamos e elas invariavelmente corriam para a minha amiga, enquanto outra perguntava, ansiosa, se eu estava junto. Tá bom, era engraçado.

 

Mas foi na loja Tida, revendedora da Dudalina, que aconteceu o fato mais doido. Nós já tínhamos percorrido muitas lojas e eu já estava enfadada com tanto vestido estranho. Pelo meu gosto não compraria nenhum. Enfim. Entramos. A loja é chiquetérrima, tem até tapete com pele de bicho (acho que é falsa). A vendedora, solícita, atendeu minha amiga e começou a mostrar uma série de vestidos empacotados em plástico.

 

Eu olhava e franzia o nariz. Estava achando tudo muito feio mesmo. Bom, é o meu gosto. Então, comentei com a minha amiga que aqueles vestidos pareciam para gente mais velha, e a nossa presenteada era uma garota bem jovenzinha. Foi aí que a vendedora surtou.

 

- O quêêêêêê? - E fez uma cara de horrorizada para mim! - "Tu não conhece Patrícia Bonaldi?" Eu fiquei com cara de paisagem. Não conhecia mesmo. Ela, me olhava, estupefata. "Patrícia Bonaldi é uma das mais importantes estilistas do país e ela desenha pra nós". Bueno, me desculpa a Patrícia e me desculpa a vendedora, mas eu realmente não conhecia. Aquilo provocou um frisson na loja. As demais vendedoras nos olhavam como se fôssemos bichos raros. Nos sentimos praticamente empurrada para fora. Havia quase uma repugnância. E nem adiantou a minha amiga girar sua echarpe de mais de 200 reais ou sua bolsa Pierre Cardin. Estávamos marcadas.

 

Saímos da loja ligeiras, estupefatas com a estupefação das vendedoras. A la pucha, como diria meu povo do sul, e tudo por conta de não conhecer Patrícia Bonaldi. Fiquei pensando se as moças conheceriam a Mafalda, que estampava meu peito. Provável que não. Mundos distintos... “

Elaine Tavares é jornalista

( do blog Palavras Insurgentes )

 

O Expresso Vida não poderia deixar de aplaudir a irreverente jornalista e como sempre parabenizá-la pela forma elegante de desmistificar o supérfulo...

 

Roberto J. Pugliese
presidente da Comissão de Direito Notarial e Registros Públicos –OAB-Sc
Membro da Academia Eldoradense de Letras
Membro da Academia Itanhaense de Letras
Titular da Cadeira nº 35 – Academia São José de Letras
Autor de Terrenos de Marinha e seus Acrescidos, Letras Jurídicas
Autor de Direitos das Coisas, Leud


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