02 junho 2012

Acre x desenvolvimento x esquecimento


ASSIS BRASIL, um baluarte no Acre, esquecido !

Quem pega a estrada do Pacífico, próximo à fronteira com o Peru, se depara com uma placa convidando para uma visita a Assis Brasil.
Para chegar ao município, a 310 quilômetros de Rio Branco, é preciso fazer um desvio. Apesar de ficar no caminho da BR-317, Assis Brasil vai usufruir muito pouco dos rendimentos econômicos que a estrada pode trazer.

Ao chegar à alfândega, a estrada do Pacífico fica à direita e Assis Brasil, à esquerda. Quem vem ou vai para o Peru, prefere fazer a parada em Iñapari, do lado peruano. Uma cidade que fica logo após a Ponte da Amizade, que corta o rio Acre e passa bem no meio do vilarejo.

O comércio local é bem pequeno e espera bastante das promessas de desenvolvimento propagados com a estrada do Pacífico, que aqui é chamada de Transoceânica.

Vamos pegar uma carona com Petronílio Roque e Izaete Sales, que têm oito filhos. Eles vieram do quilômetro 25 para fazer compras em Assis Brasil. Sempre vêm à cidade, mas não abrem mão de morar na área rural. Num município que vive praticamente das verbas federais, é difícil encontrar uma fonte de renda.
“Lá na colônia, garantimos o nosso ganha pão. Aqui na cidade as coisas ainda são muito mais difíceis”, afirma.
Descemos a ladeira para conhecer um pouco da cidade, que fica numa região conhecida como tríplice fronteira. Do outro lado do rio, fica a divisa do Peru com a Bolívia.

O rio Acre, apesar dos ataques ambientais sofridos, ainda é uma fonte de dinheiro para muitas famílias que vivem da pesca. O período de defeso acabou e os barcos vão poder descer o rio.

Os pescadores estão se preparando. Nos últimos meses, alguns receberam a pensão do Governo Federal e outros tiveram que fazer bicos em outras áreas.

“Não é toda época que podemos contar com o pescado. Por isso, quando não tem peixe, nos viramos como podemos”, ressalta o pesador Antônio Araújo.

Assis Brasil fica na rota do tráfico de drogas. É um corredor que oferece várias alternativas para os traficantes. Com duas fronteiras abertas, qualquer local do rio vira uma passagem tranqüila para os ‘mulas’.

Este comércio criminoso encontra mão de obra barata no município. Muitos jovens sem emprego se arriscam a ajudar a passar a droga.

O locutor Orcélio dos Reis quer buscar uma alternativa para mudar essa história. Conseguiu colher 11.233 assinaturas e pretende entregar ao governador Tião Viana.

O documento pede que o Governo intermedeie com a Universidade Federal do Acre para que Assis Brasil ganhe um núcleo com cursos de nível superior.

Os jovens, quando completam o ensino médio, param de estudar. Quem tem dinheiro vai para Brasiléia ou Rio Branco. Outros ficam parados no tempo.

“Realmente, não temos como prosperar aqui porque não há espaços para o aperfeiçoamento dos estudos”, protesta o estudante Edvane dos Santos.

A maioria dos estudantes de Assis Brasil vem de área rural. A prefeitura mantém várias camionetes para romper os ramais da região.

Mas peca por não fiscalizar o serviço. A reportagem flagrou uma delas transportando os alunos sem nenhuma segurança e sem proteção do sol ou da chuva.

“A saída, infelizmente, é manter esse serviço. Hoje não tem outra alternativa”, lamenta a prefeita, Eliane Gadelha.

A única obra na cidade é o “Ruas do Povo”, do Governo do Estado. Na primeira etapa, o Governo pavimentou 13 ruas com tijolos.

A programação para este ano é chegar a todas as vias da cidade e acabar com a lama em locais que parecem trilhas.

Assis Brasil já passou por vários momentos. Foi um município isolado, teve sua abertura e ganhou expectativa com a estrada do Pacífico. Mas economicamente, não conseguiu se elevar.
O comércio não consegue alavancar e a população vê com muita lentidão o que se chama de progresso.

Para quem não sabe, o Acre também é Brasil e seu povo brasileiro. Pena que a Televisão não mostra o Acre e outros lugares remotos para os brasileiros fechados em copas, que imaginam que o país é apenas a Praça dos Tres Poderes, a avenida Copacabana ou o elevador Lacerda...

Roberto J. Pugliese
www.pugliesegomes.com.br

( Fonte: TV A GAZETA de Rio Branco )

Um comentário:

  1. A Fazenda em Timbó Grande é uma área de reserva florestal, coberta por árvores de Araucaria, a pergunta é, o que essas famílias irão produzir? "madeira ilegal".

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